sábado, 8 de dezembro de 2018

O conto de Bambas da bailarina negra...




Esta edição do tradicional “conto de bambas” do Padedê do Samba foi pra lá de especial! Numa tarde de sábado, dia primeiro do mês de dezembro do ano de dois mil e dezoito, a Diretora Iara Deodoro do Projeto Sócio Cultural nos recebeu em seu espaço conhecido por Afrosul Odomodê, que fica na Avenida Ipiranga, 3850, Bairro Praia de Belas, cidade de Porto alegre.
A professora Iara iniciou a sua fala, dando as boas vindas e apresentando o equipado espaço cultural, dispondo do lugar e esclarecendo que ali é uma casa que foi construída e pensada para agregar a nossa cultura negra, as manifestações culturais de características afro-brasileiras de forma mais acolhedora, com liberdades de expressão e manifestação.

Ela nos esclarece que foram muitas histórias, até chegar no carnaval, foram 44 anos dedicados a dança. Conta-nos que a dança sempre circulou a sua vida e que ela sempre foi a sua paixão. A dvinda de uma família de poucas possibilidades, se tornou órfã de pai com quatro anos, e sua mãe lutou muito para criar as três filhas... “eu era a caçula, a paparicada, a que recebeu as melhores possibilidades, minha mãe conseguiu uma bolsa de estudos no colégio Santa Inês. Lá existia uma escola de danças no contra-turno, o que me interessei e ingressei...”

Iara nos conta que ela ficou fascinada com o grupo, pois eram encenadas danças folclóricas do mundo todo, mas que, logo a sua inquietude e espírito crítico a fizeram perceber que as danças africanas não estavam ali representadas, e, intrigada com esta lacuna, mesmo estando no mundo fascinante da dança, não se sentia ali representada... Foi então que mais tarde conheceu um colega negro de um outro grupo de danças que existia  na escola Anchieta, porém este colega fazia parte da banda da referida escola, e, ambos confabulando, concordaram com a invisibilidade e falta de valorização da cultura Afro.

quando a gente se encontrava, falávamos muito sobre isso... e no mesmo ano de 1974, ele fundou a Banda Afro Sul, e foram competir num festival estudantil no colégio do Rosário... lançaram-se num desafio, e, mesmo sabendo que não tinham condições de ganhar, visto que a letra da música era muito audaciosa para a época, muito questionadora... mesmo assim intentaram... e pediram pra gente fazer a coreografia, formando também o Grupo de Danças Afro Sul... e de lá pra cá, não paramos mais, este ano de 2018 completando 44 anos...
Aprendi muitas coisas ao longo destes anos, pesquisei bastante, tudo começou com a minha professora de danças, que mesmo não tendo muita experiência ou conhecimentos da dança Afro, me deu muitos conselhos, e uma lição grandiosa, a qual eu levo para toda a vida, ensinamentos sobre como “escrever coreografia”, e também de como construir uma coreografia com o que você viu, ouviu, enfim isso me ajudou muito... transformar em movimentos as informações recolhidas...eu lia, e imaginava o que poderia ser feito...

Existem episódios cômicos e engraçados de onde eu ‘tirava os passos’, por exemplo, assistia aos filmes do Tarzan, e nestes filmes sempre aparecia uma tribo africana, e sempre tinha dança, eu observava os movimentos, e tinha a sorte que os filmes repetiam bastante, mesmo sabendo depois que não era na África, mas em Hollywood, mas que era uma pesquisa... observava aqueles movimentos e adaptava e criava outros, tanto é que hoje e m dia, a minha dança afro se tornou uma dança característica do sul do país... porque se olhares a dança na Bahia, no Rio de Janeiro, São Paulo e comparar com a nossa, haverá peculiaridades, ‘são os sotaques da dança’...

Ela nos esclarece ainda, que sempre se dedicou a dança afro, e foi assim por muito tempo. Nos anos 1980, os seus amigos e parentes próximos resolvem reativar a Escola de Samba Garotos da Orgia, que foi a escola que deu origem ao Acadêmicos da Orgia. Foi um tempo de muitas transformações, ela nos comenta que foi desafiador, pois se tornou um clã somente de homens, com o desafio de “por a escola na rua”. Ela lembra aos risos de que se preocupavam só com a bateria, que pouca importância davam para os outros setores e departamentos da escola. Foi quando Iara se dispôs ser a porta bandeira, e que foi impedida por puro preconceito com a sua estatura, onde alguém diz: “você não pode ser a porta bandeira, porque você é muito baixinha”.

Quando se fala em Iara Deodoro também estamos falando em espiritualidade, em maternidade, em fraternidade... em Carnaval! Iara desenvolveu todas as funções em uma escola de samba: pesquisadora de tema enredo, coreógrafa de alas e comissão de frente, porta bandeira, tesoureira, presidente, costureira, aderecista, figurinista... Formou grandes destaques e com eles presenteou o carnaval. Referência na dança afro no RS, é a grande matriarca do Grupo Afro Sul, que hoje já está na sua quarta geração ao longo de seus 44 anos de existência. "O perfume dela vai onde seus pés ainda não chegaram..." (Edjana Deodoro,  filha de Iara Deodoro). Depoimento de Gugu Lacerda via rede social.

Depois da desfeita de seu sonho de portar a bandeira do Garotos da Orgia, ela nos conta que se envolveu e ajudou em todos os departamentos da escola, foram aos poucos organizando as atividades, e elencando o que cada setor precisava, dispondo de muitos elementos do Grupo Afro Sul, como comissão de frente, os passistas. Os ensaios começaram e o tempo foi passando e não se resolvia a questão do casal de mestre sala e porta bandeira. Foi então que os dirigentes da escola a procuraram e pediram para que ela fosse a porta bandeira, e ela aceitou. Iara nos conta que começou a dançar e ensaiar com um menino de doze anos, no segundo ano ela dançou com o mestre sala Deja (já falecido), mais tarde ela nos conta que:

“...foi quando encontrei meu grande e verdadeiro parceiro de dança com a bandeira, que era o mestre sala Osmar, que era bailarino, era do grupo, trabalhava direto com dança, e foi um período maravilhoso, porque nós inventávamos coisas novas, passos, coreografias... nos entendíamos no olhar, não precisávamos combinar nada... ele era uma pessoa maravilhosa por dentro e por fora... a gente tinha a consciência de que a dança daquela época era mais solta, diferente da rigidez e do protocolo a seguir que existe hoje, a gente tinha a liberdade de executar passos e coreografias, claro, sempre respeitando o pavilhão, mas era um tempo mais livre, havia mais liberdade na dança, podia-se explorar melhor a dança... era muito mais fácil de lidar com a situação...

Depois dos trabalhos realizados na Escola Garotos da Orgia, estava criada também a Ala Afrosul que desfilou em muitas escolas de samba. Teve ano que a ala desfilou em 18 escolas no mesmo carnaval. Espetáculos, apresentações das mais diversas o grupo Afrosul se insere, uma vez que é um dos únicos, legítimo representante e dedicado exclusivamente para as danças afro-brasileiras. Iara nos conta que foram anos de puro divertimento, onde faziam as fantasias, adereços, vez em quando conseguiam o tecido para a confecção da ala.

[...] “Hoje apresentei meu TCC I intitulado IARA DEODORO: A CRIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA EM DANÇA COMO RESISTÊNCIA DE UMA CORPORALIDADE NEGRA NO RIO GRANDE DO SUL, onde eu trago esse processo de investigação e análise sobre como a mestra Iara desenvolve e sistematiza esse conhecimento em dança afro. [...] trazer a trajetória da Iara é reafirmar mais uma vez a potência das mulheres pretas do meu povo, é trazer a história de uma comunidade que resiste para manter a cultura do povo preto viva nesse território. Gratidão Iara por me permitir contar um pouco dessa tua caminhada Iara Deodoro”[...] Natália Dornelles em sua rede social

A professora Iara nos conta que foi realizado recentemente pelo Afrosul o Espetáculo “Reminiscências”, para lembrar, resgatar e comemorar estes espetáculos e para homenagear a todos estes desfiles realizados pelo grupo, numa forma de manter viva a memória, pois ela nos salienta da importância de registrar os momentos, as festividades, os acontecimentos, precisamos valorizar a nossa história.

As pessoas não dão importância para o que realmente é o carnaval. As pessoas não se dão conta disso... se a gente avaliar e pensar nos temas e enredos que as escolas desenvolvem, são aulas lúdicas, uma aula de história, uma aula cultural... precisamos prestar atenção nestes aspectos, nosso carnaval gaúcho não fica aquém de outros carnavais do Brasil... precisamos prestar atenção nisso... os ensinamentos contidos ali são de muita importância... por exemplo, as aulas do Padedê, que faz um trabalho de responsabilidade, uma vez que forma profissionais do carnaval, formando pessoas, formando artistas, formando pessoas críticas... o dançar, ao meu ver, é algo natural, se procura o curso porque se gosta, porém, penso que se deve aprender outras coisas além de dançar, pensar e olhar o carnaval como um veículo cultural... precisamos pensar nisso... o que faz uma comissão de frente? ...o que faz um passista? ...o que faz uma porta estandarte? ... o que faz uma porta bandeira? ...e um mestre sala? A dança!

Iara nos deu dicas preciosas para os que dançam. Os bailarinos e dançarinos, devem procurar se aprimorar, fazer outras modalidades da dança, outros ritmos. Ela nos diz que há elementos de outras culturas que podem ser inseridos nas danças do carnaval, como a dança afro, indígena, cigana podem ser agregadas às coreografias. Ela nos diz também que se preocupa com esta “padronização da dança” inquirida pelo carnaval da atualidade, onde, sabiamente nos dá sua opinião do que vê atualmente:

São coisas que percebo... a grande maioria das pessoas está cumprindo o que pede o quesito, exatamente o que está escrito, o que é pedido, não se preocupam com a finalização, com a limpeza do movimento... você não vê mais a dança que emociona, tu verifica que todos e todas giram para um lado, giram para o outro e cumprimentam os jurados e deu... parecem todas as mesmas, a dança não existe, o que existe ali é só o movimento... penso e me atrevo a dizer, que a dança seja fundamental para caracterizar e diferenciar um do outro, para não ser uma mesmice, senão vai perder a essência... porque se não vai ser julgado e apreciado apenas a diferença das vestimentas e da fantasia... é preocupante esta ‘padronização’ dos movimentos, a dança precisa estar presente...

As dicas seguem durante sua experiente fala, desvelando segredos dos movimentos, da importância do figurino para executar a dança, uma vez que se ensaia o ano todo com roupas levez e no dia do desfile as fantasias são volumosas e pesadas. Pensar a estrutura da fantasia. A técnica deve acompanhar a dança e a disposição cênica deve ser pensada. O dançarino deve ter pensamento crítico para a melhoria da dança, ouvir os mais velhos e outros profissionais para alcançar um patamar de profissional da dança do carnaval, ter em mente que deve melhorar sempre, pois todos precisam ter este sentimento, de melhorar, aprimorar, mesmo o nosso carnaval estando em crise.

Quem dança no carnaval atualmente tem que gostar muito! Uma coisa é certa, não pode desanimar, se tu gosta mesmo disso, é esta cultura que quer se dedicar... Acredito que o mais importante disso tudo, é ter a consciência de que é isso realmente o que se quer... é uma missão, uma ousada missão de levar adiante esta arte... acho importante as trocas culturais, de uma integração com outros grupos, desenvolver outras técnicas de aulas, a própria escola Padedê pode proporcionar isso, apresentações temáticas, participar de festividades... vejo também que o nosso carnaval está encolhendo e formando mais profissionais que o carnaval comporta... A dança é uma terapia, ela mexe com seu estado físico, emocional... para nós negros é a nossa história, a dança é de suma importância, a comunicação, a religião e todas as cerimônias são regidas pela dança... é da raiz, é uma herança sagrada que herdamos... por isso acho de suma importância manter e reviver estas manifestações... precisamos resistir, reagir, não desistir, não deixar a nossa essência morrer...

Ela finalizou dizendo que o artista do carnaval tem que aprender e saber que as dificuldades são imensas no atual contexto e que devem, os bailarinos, dançarinos, coreógrafos e todos os demais profissionais do carnaval buscar resgatar o respeito e a credibilidade do nosso carnaval, que está desacreditado atualmente, mas que possui muitas riquezas humanas. “as pessoas estão sem a responsabilidade que assumem”... Iara acredita que devam ser pensados os acordos, contratos e, principalmente a palavra empenhada, os artistas devem ter reconhecimento, mas também cumprir com suas atividades da melhor forma. Enfim, foi uma tarde muito proveitosa! Os alunos puderam ter uma conversa franca e direta com esta professora, bailarina, coreógrafa, porta bandeira, dirigente e baluarte do nosso carnaval com uma intimidade jamais vista!

Pedir pra eu falar da Tinha (Como chamamos ela) é a mesma coisa que falar de uma segunda mãe. Além de ela ser responsável pela minha formação em dança ela também cuida de mim e me aconselha na vida pessoal e profissional! Ela sempre acreditou na minha capacidade e na capacidade dos demais bailarinos. Ela é uma pessoa atenciosa, detalhista, exigente, mas com um coração enorme, um conhecimento da nossa cultura afro gaúcha e da nossa religião fora do normal. Tá sempre disposta a ajudar qualquer pessoa que lhe procura seja para pedir conselhos ou apenas um abraço! Sou grata a Tinha por tudo que ela faz e fez por mim! Amo fazer parte da família Afro Sul! Gisele Mendonça via rede social.

Em nome da Escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte Padedê do Samba, queremos te agradecer Iara Deodoro! Pelas lições, pelos ensinamentos, pelas experiências reveladas e por nos proporcionar suas vivências que servirão para o nosso crescimento artístico, profissional e pessoal. Ficamos honrados com esta aula-palestra. Muito Obrigado!!!

NOTA: importante registrar que neste Espaço do Afrosul/Odomodê foi abrigo para a fundação da UDESCA – União dos Destaques do Carnaval, logo, foi o embrião para o surgimento do Padedê do Samba... este assunto será pauta para outro texto. Até lá!
Ramão Carvalho.


Para saber mais...

NETO, Manoel Gildo Alves; SILVA, Suzane Weber da. Enfatizando o gesto numa pesquisa sobre a memória da dança Afro-Gaúcha. V Congresso Nacional de Pesquisadores em Dança. Manaus: ANDA, 2018. p. 466-481. Disponível em http://www.portalanda.org.br/anaisarquivos/5-2018-4.pdf

MARTINS, Camila Cardoso Coronel. Memória e negritude: o grupo AFRO-SUL/ODOMODE como referência da cultura imaterial de Porto Alegre, RS. 2016. https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/157380 


SILVA, Natalia Souza da. Bloco Afro Odomode no Vinte de Novembro: celebração e resistência negra nas ruas de Porto Alegre, RS. 2017.  https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/177713

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Retorno das aulas 2018


Padedê do Samba, o retorno às aulas em 2018.

O Padedê do Samba retomou as atividades de 2018 em grande estilo.  Como de costume, a escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte Padedê do Samba, filial gaúcha da Escola Manoel Dionísio do Rio de Janeiro, realizou a sua volta às aulas com diversas atrações. Além de toda a atmosfera da retomada às aulas da envolvente dança nobre do samba, somaram-se a este, a vinda da porta-bandeira Danielle Nascimento, filha da lendária Vilma Nascimento da Portela e também a porta-bandeira da Escola vice-campeã do carnaval carioca. Outra atração foi a presença ilustre de Carlinhos Brilhante, famoso mestre-sala, campeão do célebre enredo “Kizomba” da Unidos de Vila Isabel do Rio de Janeiro.

“[...] todos os anos a na nossa primeira aula, a gente traz alguém reconhecido, pra começar o ano com força total, para a energia ir lá em cima... sempre procuramos trazer pessoas e artistas ligados a dança nobre do carnaval, também nos preocupamos em envolver pessoas que tenham a mesma didática e a mesma preocupação com os fundamentos e tradições da nobre arte... e neste encontro não poderia ser diferente, trouxemos Danielle e seu Carlinhos, uma vez que eles tem uma grande bagagem e conhecimentos... os alunos ficaram numa grande expectativa com eles, foi uma aula maravilhosa... foi muito importante para os alunos tomar conhecimentos e experiências, tenho muito a agradecer a eles, nós do Padedê estamos muito felizes![...]” Simone Ribeiro, presidente do Padedê do Samba.

“[...] Quero dizer que estou surpresa com o que vi aqui, vocês estão de parabéns pelo trabalho realizado aqui em Porto Alegre, não desistam nunca, mantenham isso... a minha mãe [Vilma Nascimento] sempre disse, mesmo com toda a sua história e seu saber, ela sempre dizia ‘que se aprende um pouco todos os dias’, ela dizia que ia viver a vida toda e ainda ia apreender... Foi lindo, valeu a pena a participação aí! ... foi mágico, foi incrível![...]” Danielle Nascimento, 1ª porta-bandeira da GRES Paraíso do Tuiuti.

“[...] ...estou me sentindo um rei! Sinceramente! Muito bom! Oh gloria! Quero agradecer a todos aí do projeto, seus alunos são maravilhosos, as meninas são lindas! ...vocês são muito carinhosos, atenciosos, seus alunos são muito dedicados, parabéns! Esta ida para Porto Alegre foi muito bom! Eu Gostei! Muito Obrigado! [...]” Carlinhos Brilhante, Mestre-Sala.

            Para os alunos do Padedê do Samba a experiência foi importante, uma vez que os convidados cariocas trazem muitas novidades e informações relevantes, além é claro da benéfica e salutar integração que aconteceu com todos os participantes ali, o que acrescenta muito para o coletivo.

“[...]a nossa primeira aula de 2018 foi um momento especial pois com todas as controversas do nosso Carnaval e o frio mostramos que a União faz a força e que o Amor pela dança sempre irá falar mais alto... Alunos , Professores, Palestrantes e visitantes nesta tarde tornaram-se um só”[...]” Tatiane Guedes, Porta-estandarte.

“[...] nossa primeira aula foi um espetáculo! Poder rever os amigos e dançar, é isso que me fortalece e quando eu cheguei e vi tanta gente, eu fiquei feliz porque só nos mesmos pra resistir e para fortalecer o nosso carnaval [...] e vendo aquele senhor de tão longe ali dançando e dando todas as dicas, eu vi e entendi que se nós abaixar a cabeça e dançar... nunca querendo ser mais que os outros, senão o nosso esforço e nosso carnaval vai pra água abaixo [...] vi os olhos dos nossos instrutores brilhando isso me deixou muito feliz! Eu fico grato por estar nesta equipe maravilhosa! [...]”. Luciano Batuta, mestre-sala do Estado Maior da Colina de Guaíba.

“[...] a aula de sábado foi muito especial, pois além da participação da grande porta Bandeira Danielle Nascimento e de seu Carlinhos Brilhante, há esta energia e a vontade que nos dão uma motivação para continuar a aprimorar a nossa nobre arte e fortalecer nosso carnaval...[...]” Ana Tarragô, porta-bandeira.

Somou-se a esta volta a vinda de uma delegação de carnavalescos da cidade de Montevideo do Uruguai, lideranças, mestres-salas, porta-bandeiras, porta-estandartes e uma comitiva de percussionistas para conhecer o projeto e trocar experiências, para todos foram experiências enriquecedoras, pois ficou evidente que a dança nobre do carnaval extrapola fronteiras e motiva pessoas a viajar por muitas horas para estar em contato e conviver e com esta expressão cultural que é a dança nobre com os pavilhões do carnaval.

As agremiações uruguaias, lideradas pela carnavalesca Niuza Clasen da Silva, uma brasileira que vive no Uruguai, que teve a ideia de fazer um intercambio cultural, reuniu interessados de outras escolas de samba de Montevideo e partiu rumo a Poro Alegre para participar da aula do Padedê do Samba, com o intuito de melhorar o conhecimento da dança e para proporcionar momentos de aprendizado para sua gente. Coletei o depoimento de alguns participantes, pois notei que estavam com um sorriso radiante de satisfação durante as aulas e na integração do grupo.

“[...]...a gente quis fazer esta integração, este desejo para nós, mesmo sendo estrangeiros, de querer continuar a cultivar esta bandeira do samba, e dizer que foi muito importante para o pessoal do Uruguai esta troca de informações e aprendizado [...] considero este projeto magnífico, e Padedê e Simone Ribeiro nos possibilitaram esta oportunidade de trazer informações para os casais de mestre-sala, porta-bandeira e porta-estandarte além das fronteiras do Brasil... que desde já agradeço! [...] a ideia é de manter e continuar com esta parceria e intercâmbio, para qualificar os nossos profissionais, e melhorar o espetáculo aqui no Uruguai. Aprendemos muito, da importância destes quesitos para uma comunidade carnavalesca [...] meu desejo é de trazer o Padedê do Samba para Montevideo, para oportunizar este aprendizado a quem não conseguiu ir praí... que perderam esta maravilhosa aula [...] o pessoal que participou, voltou muito animando daí, com muitas ideias e muito feliz[...]” Niuza Clasen da Silva, Responsável pela delegação dos carnavalescos do Uruguai. Assessora do Gerente de Eventos da Prefeitura de Montevideo. Palestrante e julgadora de desfiles de Escolas de Samba em Maldonado y Flores, membro do CETE e da Escola de Samba Bambas da Costa de Ouro de Canelones.

“[...]Obrigado au padede por a invitacao pro curzo foi o maximo foi belo ver cuanta dedicacao pra encinar cuanta humildade do pesoal gente bela culta humilde de bom corazon a verdade me senti em familia obrigado de corazao espero poder encontealos de novo muinto pronto beijos a todos vou vacer o imposivel pra poder traerlo  pro uruguay...[...]”. Rosa Pintos, presidente da Escola de Samba Viramundo, Montevideo, Uruguai.

“[...]Estuvo increíble la verdad que una experiencia inolvidable y que mi encantaría se pudiera repetir muchas veces mas! Quede más que feliz y encantada con todo el contenido que nos brindaron para enriquecer Nuestro conocimiento...[...]” Cynthia Raña Vallejo, porta bandeira da GRES Asa Branca, Montevideo, Uruguai.

“[...]Hoy leí mi horóscopo y decía “están pasando cosas extraordinarias en tu vida que ni cuenta te estás dando” y fue ahí que inmediatamente pensé en la experiencia con Padedé... Pensar que lo que empieza como locura y apoyo de gente tan sencilla te puede hacer ir a lugares que ni lo tenías previsto. Pero de a pasitos se va llegando y considerando esta experiencia como uno de estos pasitos, me encantaría agradecerles a la gente que nos recibió tan cálidamente como pudieron... Lo hemos aprovechado tanto, en particular yo, al extremo de sentir el cuerpo dolorido pero el corazón contento... Muchas gracias por en esos pares de horas compartir esas experiencias y sabidurías de la mejor manera. Esta experiencia me hace pensar que vale la pena realizar kilómetros para conocer esa buena energía. Nos estamos viendo, a las órdenes compañeros de Padedê, los esperamos en Uruguay...[...]” Andres Aquino, mestre-sala da GRES Imperatriz de Montevideo, Uruguai.

“[...]Una experiencia única compartida con todos estos compañeros de diferentes escolas sin importar la camiseta, aprendimos muchas cosas que nos van a servir para crecer en todas las comunidades... muy felices volvemos x mas viajes así.  Gracias a la Escuela Padede por abrirnos las puertas y enseñarnos todo lo que saben!!!!!!!!! Quiero agradecer a Niu Clausen da Silva sin vos esto no se podría haber hecho!!! Hasta la próxima compañeros Salud!!!!![...]”. Maite Soñora Machado, porta-bandeira da Escola de Samba Viramundo, Montevideo, Uruguai.

                A aula de sábado transcorreu com muito entusiasmo e atenção, visto que alunos gaúchos(brasileiros) e uruguaios, estavam atentos aos convidados cariocas, que deram importantes lições da nobre dança, com técnicas de movimentos, dicas de postura e gestual, enfim, uma tarde muito produtiva e agitada para todos os participantes. No domingo, 10 de junho, houve o encontro didático/teórico, onde os convidados cariocas falaram de suas trajetórias, de suas experiências de desfiles e situações inusitadas, ampliando o conhecimento dos participantes. Também falaram do quesito e seus desdobramentos de julgamento.

                O retorno às aulas foi realizado em grande estilo, a quadra da Academia de Samba Praiana, gentilmente cedida por Jacira Costa, foi palco para uma emocionante aula, onde instrutores e convidados, alunos e público em geral, puderam conviver e trocar preciosas experiências, além da dança que envolve a todos que participam, tanto é que, teve uma hora em que Onira Pereira, uma sumidade na arte de bailar com o estandarte, saiu da assistência, portou um dos estandartes do Padedê e saiu dançando... bailou entusiasmada ao aplauso acalorado dos que a assistiam... como disse a presidente Simone Ribeiro no encerramento, foi a maior prova de que a aula estava digna de uma grande recomeço de ano, para iniciar com chave de ouro, com muita energia boa e positiva!

Feliz 2018!
1, 2, 3... Padedê!!!
Texto: Ramão Carvalho

Fotos da aula em: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.978125625679894.1073741875.296142220544908&type=1&l=f0b1514e28